Nos últimos dias, o Brasil deu um passo importante para se tornar referência em energias renováveis ao aprovar o processo de adesão à Irena, a agência internacional do setor. A decisão foi comunicada pela Comissão Interministerial em Organismos Internacionais do governo federal, depois da 8ª Assembleia Geral da Irena, em Abu Dhabi. A organização tem, atualmente, 152 países-membros. Outros 30 estão em processo de adesão, como o Brasil.
Para o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Luiz Augusto Barroso, a decisão de participar da Irena posiciona o Brasil no centro das discussões mundiais sobre a expansão das chamadas energias verdes, o que é fundamental para que o mercado brasileiro siga com o processo de inserção de renováveis que está em andamento. “Especificamente para a fonte solar fotovoltaica, trata-se de uma enorme oportunidade de mais aprendizado sobre modelos de negócios, regulação e novas estruturas comerciais”, diz Barroso.
Os números mostram que os sistemas de energia tradicionais estão mudando rápido em função dos investimentos em novos projetos de geração alternativa que já superaram em capacidade os de combustíveis fósseis. Em 2016, dos 162 gigawatts (GW) de energia adicionados ao sistema, 60% vieram de fontes renováveis.
Relatório recente da Irena mostra que os projetos e leilões de todas as tecnologias de geração de energias renováveis são mais baratos e devem continuar com preços mais baixos que os fósseis. Os dados da Irena mostram ainda que o custo de geração de energia eólica (aquela movida pela força dos ventos) vem registrando queda de 25% desde 2010. Já os custos de energia solar fotovoltaica tiveram redução de 73% no mesmo período. Estima-se que, até 2020, os custos com energia solar cairão pela metade.
O documento prevê que, entre este ano e 2020, os empreendimentos de energias solar e eólica terrestre poderão entregar o quilowatt-hora (kWh) a 3 centavos de dólar, bem abaixo do custo da energia extraída dos combustíveis fósseis. Com base na média dos últimos 12 meses, essa energia é entregue hoje entre 6 centavos de dólar e 10 centavos de dólar por kWh.
Eficiência
Entre os países que integram o grupo dos Brics, o Brasil lidera com folga o ranking de produção de energias renováveis. No boletim anual Energia no bloco dos Brics, a matriz de geração elétrica brasileira registrou em 2016 80,4% de fontes renováveis, ante 25,3% do conjunto do grupo e 23,6% da média mundial. O maior consumo de Energia de fontes alternativas impacta diretamente no volume de emissões de CO². Segundo o mesmo relatório, as emissões brasileiras correspondem à metade da média dos Brics.
O aumento da participação de fontes renováveis na matriz brasileira tem atraído cada vez mais investimentos. No fim do ano passado, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou a captação de US$ 141,7 milhões junto ao banco de fomento alemão Krefitanstalt für Wiederaufbau (KfW). O dinheiro será destinado a investimentos em projetos que envolvem eficiência energética e energias renováveis (solar, eólica, pequenas centrais hidrelétricas e bioenergia, entre outras.)
Exemplo do avanço de energias renováveis é o crescimento da utilização de energia de fonte solar fotovoltaica, que alcançou, na semana passada, a marca de 1 gigawatt de potência instalada na matriz elétrica brasileira. Pelos cálculos da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), responsável pela medição, esse volume de energia é suficiente para abastecer 500 mil residências e atender ao consumo de 2 milhões de brasileiros.
O resultado também coloca o Brasil entre os 30 países que têm mais de 1GW de fonte solar. Rodrigo Sauaia, presidente da Absolar, reconhece os avanços, mas pondera que o país ainda está muito aquém do seu potencial. “O Brasil está mais de 15 anos atrasado no uso da energia solar fotovoltaica. Temos condições de ficar entre os principais países nesse mercado, mas, para isso, precisamos de um programa nacional estruturado”, afirma.
Fonte: Absolar