O Brasil é um dos países com maior potencial para geração de energia solar. O país conta com um alto índice de insolação, superior a 30 mil horas por ano. Apesar disso, cerca de 70% da energia elétrica que utilizamos é proveniente de usinas hidrelétricas. Nesse cenário, quem ganha espaço são as energias renováveis, como a solar, que registra crescimento anual. O presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia, afirma que ainda este ano, o país deve registrar a marca de 1 gigawatt em capacidade instalada em usinas fotovoltaicas – que transforma a luz do sol em energia – patamar registrado em pouco mais de 20 países.
A energia solar é uma alternativa viável economicamente e de baixo impacto ambiental, mas ainda tem mínima participação na matriz elétrica brasileira. Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica Nacional (Aneel), a atuação desse tipo de energia no país é de apenas 0,02%, e a previsão para aumentar essa participação no Sistema Integrado Nacional (SIN) é somente para 2018. Em Santa Catarina, empresas como a ENGIE Solar e a Tek Energy têm ajudado a impulsionar o setor e facilitar o acesso a esse tipo de energia.
Energia sustentável
A ENGIE Solar, de Florianópolis, é uma das líderes no mercado brasileiro de energia solar. Fundada em 2016, a empresa triplicou o número de colaboradores em apenas um ano, saltando de 30 para 90 e faturou, em 2016, R$ 3 mi. Para este ano, a previsão é um salto para R$ 40 mi. Rodolfo Souza Pinto, diretor-presidente da empresa, explica os fatores que contribuíram para esse crescimento, mesmo em tempos de crise econômica. “Primeiro, estamos vivendo o que podemos chamar de ‘início da era da energia solar’. Apesar de ainda não ser muito natural o uso desta tecnologia, estamos vivendo, sim, uma importante alteração da nossa matriz energética. Além disso, temos profissionais bem treinados, oferecemos preços acessíveis e buscamos parcerias e oportunidades que possibilitem nossa expansão”.
Rodolfo afirma que o estado tem avançado no uso da energia solar. “Santa Catarina está na vanguarda da energia solar, sendo o segundo estado do país em número de instalações per capita. Atualmente, são cerca de 550 sistemas fotovoltaicos instalados no estado e a estimativa é que esse número se aproxime de 2000 ainda neste ano, um crescimento de 300%. Santa Catarina se destaca ainda por possuir na UFSC um dos mais avançados centros de pesquisas em energia solar do país, o LabSolar”, acrescenta.
De acordo com o diretor-presidente, em aproximadamente seis anos é possível recuperar o investimento inicial feito à vista por um consumidor para a captação de energia solar em sua residência, sendo que depois isso, é cobrada somente uma tarifa para a distribuidora. A vida útil do sistema gerador é de, pelo menos, 25 anos. “Oferecemos diversas formas de pagamento, por exemplo. Atualmente existe a opção de financiamento em até 72 vezes, o que na prática significa que, dependendo do local da instalação, o investimento mensal no sistema fotovoltaico pode ser abatido pela própria economia na conta de energia elétrica gerada pelo equipamento no decorrer do tempo. As iniciativas com a Celesc e outros parceiros também vão na direção de tornar a solar mais acessível para todos”, explica.
Rodolfo Souza Pinto atenta que, dependendo das características físicas de um imóvel residencial, a energia solar é capaz de suprir 100% de suas necessidades. “O Brasil está apenas começando a explorar a fonte solar. Enquanto países como Austrália, Alemanha e Estados Unidos já possuem mais de um milhão de sistemas, o Brasil, apesar de possuir condições climáticas muito favoráveis, possui apenas pouco mais de 10 mil sistemas. Ainda estamos apenas arranhando a superfície do nosso potencial”, conclui.
Eficiência energética
A Tek Energy, sediada em Balneário Camboriú, aposta na tecnologia para tornar a energia solar acessível para todos. A empresa, especializada na venda, distribuição e instalação de sistemas solares fotovoltaicos, está trazendo para o Brasil um painel fotovoltaico, semelhante à pele de vidro, que pode ser utilizado na fachada de edifícios, como um revestimento. A tecnologia alemã deve chegar ao mercado no segundo semestre deste ano.
“Estamos trazendo ao Brasil uma alternativa para a geração de energia sustentável que pode ser facilmente adaptada ao projeto arquitetônico como acabamento ou revestimento nos edifícios. Com certeza será uma tecnologia que pode revolucionar o mercado da construção civil. Além disso, no que diz respeito à geração de energia, o painel é altamente resistente ao calor e a perdas pelas condições climáticas como tempo nublado e úmido, por exemplo. É indicado para as diferentes regiões do Brasil”, explica o diretor de marketing, Douglas Salgado.
O equipamento pode ser instalado em terrenos, embarcações, nos telhados de residências, indústrias, comércios e na fachada de edifícios. A tecnologia inovadora possui uma película fina feita de Telureto de Cádmio (CdTe), um substrato que, comparado ao silício, possui média de eficiência melhor para o clima brasileiro. Essa película fica entre duas lâminas de vidro temperado, o que garante uma aparência similar às peles de vidro utilizadas em edifícios.
“A tecnologia é indicada para áreas do edifício onde não há janelas e deve ser projetado em harmonia com o vidro convencional. Pode ser usado em uma parede cega ou no fosso de elevadores, por exemplo. Nesses locais, é comum que empresas e indústrias utilizem outros materiais como placas de ACM ou vidro para o acabamento. No entanto, esse investimento não apresenta benefícios, em termos de sustentabilidade. Já essa nova tecnologia, além de servir como elemento de design em projetos arquitetônicos, gera economia, pois é capaz de produzir a energia que pode ser injetada na rede elétrica e convertida em créditos na fatura”, relata.
De acordo com a Aneel, chegaremos a 880 mil sistemas de energia solar até 2024, o que significa que empresas como que atuam com esse tipo de energia ainda vão ter muito espaço para crescer.